Ouvindo algumas palavras soltas no metrô, me lembrei que esqueci o remédio. Lá vem as belas meninas, as resistentes, que não mais habitam a minha garganta, agora habitam meus pulmões, se divertem às custas dos meus alvéolos saudáveis. Serão elas as responsáveis pela minha hipoglicemia programada e pela falta de reclamações notívagas do meu estômago? Meia xícara de sucrilhos me basta? Basta. Mas uma fatia de lasanha de espinafre, não.
Não me bastam muitas coisas, mas cabe somente a vocês saber que nenhuma das minhas fomes se desfazem com carboidratos, lipídios ou proteínas. Minha fome é de sugar tudo que me rodeia, parasitar nas veias do meu próximo hospedeiro e por ali ficar, se for bem-vinda. Quero grudar nos arames farpados de qualquer grosseria disposta a me atrair e dar risada com a falta de delicadeza da minha respiração de zumbi.
