domingo, 11 de janeiro de 2009

The Beatles - Two Of Us

Por tudo aquilo que eu ainda não citei.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Durante as noites de insônia fico me perguntando por que vai ficando mais claro depois que apago a lâmpada... Será porque a luz preencheu o que podia no meu quarto ou foram só minhas pupilas que dilataram? Se minhas pupilas dilatam, meu bem, é porque não conheci nada além do escuro desde que tuas estrelas se apagaram em meus sonhos... Seja lá qual for a resposta, isso não acaba com a azia que tira o meu sono e os poemas que te mando não mudam o prisma dos teus olhos...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

"O branco me comove..."

Vou contar então para vocês uma história. A história da menininha perdida em um deserto boliviano ou canadense de gelo ou de sal. Não importa o quê, o que importa é a cor. Branco. Nunca ela havia percebido o desesperador do branco até notar que estava rodeada por ele e que ele não trazia nenhuma salvação. Vocês podem estar se perguntando como e por que diabos ela foi parar lá. Bom, a vida é um sucessão de escolhas que nos levam aos lugares de chegada. Nossas escolhas podem ser uma sucessão de acertos que nos levem a um luxuoso hotel e uma boa conta bancária, uma sucessão de acertos e erros que nos levem a uma família saudável com filhos ou então uma sucessão de erros que nos levam a um deserto branco. Ela estava se perguntando por que mesmo havia acreditado que um dia seria feliz e teria pelo menos uma casa com chinelos velhos para aquecer seus pés (e nisso gosto de lembrar o quanto o branco é frio e cruel com os dedos daqueles que tem pouca circulação periférica), mas não. Justamente os sonhos nos fazem sermos engolidos por vazios e imensidões que não sabemos explicar, por sentimentos que não podemos superar e assim caímos em ruína e desgraça completa e profunda e lá estava ela com todo aquele branco. E como desejou ser negra, vil, cruel durante todo este tempo, como a amargura toma conta daqueles que estão perdidos, mas acima de tudo, sozinhos. Sim, pulemos a parte do mal-cheiro devido os longos dias de penúria, a pele que antes era tão bonita e pálida agora ressacada e vermelha pelas queimaduras que o branco lhe causou e a rouquidão da garganta seca sem água e sem comida. Ela criara seu próprio deserto agora e estava perdida de vez. O maior perigo da pior linha ela cruzou. Ela havia cavado dentro de suas entranhas mal curtidas, dentro do seu coração fraquinho e despido de proteções sistólicas, um buraco fundo que sugava tudo que lhe provia sustento quando a comida não chegava. Ela havia deixado ser tomada pela plenitude do vazio e se esqueceu quem era, se esqueceu de seus objetivos, se esqueceu de seu cérebro e de suas terminações nervosas, se esqueceu de viver. Ficou tão perdida dentro da dor de ser ela mesma que nem sequer percebeu a placa que dizia "abrigo para as moças selvagens de garganta seca por aqui" e caiu durinha no chão branco sob o céu branco e leitoso das nuvens de inverno. Se estava morta, só ela sabia, o fato é que ela já estava perdida, ela já não tinha mais jeito, ela não tinha mais nada, só gotas de percolado embaixo de suas costas asmáticas.



Pobre moça... quem dera fosse açúcar que tivesse abaixo de seus pés, assim seu fim ficaria mais comovente, mais cheiroso e mais romântico... E seus pés seriam mais atraentes para os lobos que uivavam a vinda de mais uma noite caída a procura de desejos e penumbras.