terça-feira, 30 de setembro de 2008

Maldifica

O que esse silêncio significa eu não sei, mas eu não consigo ignorá-lo. O que esse vácuo entre nós dois quer dizer... Não consigo entender nada além das coisas que vejo, virei uma realista pura e insensível e gosto disso. Não sinto remorsos por estar aqui, nessa posição que conquistei graças à meu estrogênio afinado e meus cultivos de queratina bem feitos.






Ouvindo algumas palavras soltas no metrô, me lembrei que esqueci o remédio. Lá vem as belas meninas, as resistentes, que não mais habitam a minha garganta, agora habitam meus pulmões, se divertem às custas dos meus alvéolos saudáveis. Serão elas as responsáveis pela minha hipoglicemia programada e pela falta de reclamações notívagas do meu estômago? Meia xícara de sucrilhos me basta? Basta. Mas uma fatia de lasanha de espinafre, não.

Não me bastam muitas coisas, mas cabe somente a vocês saber que nenhuma das minhas fomes se desfazem com carboidratos, lipídios ou proteínas. Minha fome é de sugar tudo que me rodeia, parasitar nas veias do meu próximo hospedeiro e por ali ficar, se for bem-vinda. Quero grudar nos arames farpados de qualquer grosseria disposta a me atrair e dar risada com a falta de delicadeza da minha respiração de zumbi.




Cristopher

Bendito procionídeo que enfeita meu blog.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Se eu te peço pra ficar, tu fica, é incrível!

Meus dedos no teclado fariam muito mais por aí, dedilhando violões ou apertando botões para portais transcedentais. São as coisas que eu imagino sem a ajuda do raxixe, basta eu fechar meus olhos. Uma louca cavocando na terra ou uma princesa que parece um tronco de árvore... Qualquer coisa é possível.

Obrigada veia pequena.

As coisas estão aí para serem pensadas, ele diz. Eu digo: estamos aqui para sermos tais coisas.

Coversas filosóficas durante a noite...

"... não te estressa, menina!" No fim, sempre acabamos percebendo que foi tudo besteira, que todos os motivos "mais que justos" eram inúteis e perdemos muito mais do que uma discussão, perdemos vidas, sabores...

E meu ramo está crescendo. E vou deixar o mesmo legado de todas as coisas que me fizeram chegar até aqui, todas as coisas que me orgulham tanto. Quero que a minha filha simbolize o poder de uma história, de um livro e não de capítulos. Quero que minha casa seja abrigo de fantasmas, de assombrações boas que hão sempre de me seguir e me lembrar quem eu sou e por que estou aqui. Não falo de Deus, de anjos ou de demônios. Falo de memória.

Garanto que agora alguém deve estar se perguntando "por que estou aqui?"... Como eu ouvi uma bruxa dizer uma vez: quando fazemos uma pergunta, também somos responsáveis pelas respostas...

sábado, 27 de setembro de 2008

Paul Newman (01/26/1925 - 09/26/2008)


Nothing to say... His life talks itself.


Eternal blue eyes.
"Bem-vinda à vida: esse jogo real que não tem final feliz em todas as jogadas."


Por Lucas

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Stereophonics - Mr. Writer

O dia merece uma música que me lembra alguns tempos atrás...





Ah, e eu também não faço a mínima idéia de por que a Shania Twain aparece no início do vídeo. :P

"A tormenta se avizinha"

Olha lá fora, meu bem e escreve: janelas grandes, jardins, varanda fresca e composteira.

Sensação sozinha de segurança e alívio... Pato de borracha na banheira oceânica de espuma. Felicidade tão fácil de cheirar...
Como se já não bastasse eu estar atrasada, hoje estou funcionando em relógio de domingo, e minhas olheiras sinalizam meus problemas. Cansada de contar sardinhas na frente do espelho, mas não consigo me mexer para provar minha responsabilidade e meu compromisso com o capitalismo perfeito, maquinário de nossas vidas.

Danem-se os sólidos totais... Deito na grama e espero as formigas virem e largarem seus 4-metilpirrol-2-carboxilato de metila para eu desaparecer na vista e fazer parte desse mundo, mesmo que em ossos. Fico tonta com o passar das nuvens e nem me deu ao trabalho de imaginar suas formas. Fico imóvel, viro um cactus bonito e valente, resistente e feliz por não ter que fazer mais nada além de reservar água e fotossintetizar.






À vossa alteza...

Sentir vontade de escrever, representar, dizer...

Para que simbolizar tudo assim?



E eu fui.

Mas não demora muito, tudo muda. Vai te esquecer de tudo, vai abrir a porta e vai deixar entrar um novo metabolismo, e vai te viciar e vai amar bioquimicamente de novo.

O amor nunca foi refúgio e nem consolo, foi sempre terreno baldio, incerto.

De todas as coisas que hão de ficar nesses capítulos de livro sem capas desenhadas (como prometido), minha aurora borealis vai amanhecer todos os dias e vai te dizer "uma última valsa pra valer a pena" e tu vai dançar e vai curtir a sinfonia que ressona em nossos martelos doloridos e cansados de tantas asperezas nas guturações matinais.

E as folhas vão continuar passeando por aí, te procurando... e as estrelas vão continuar fazendo teus olhos brilhar e nosso céu vai ser anatomizado e escarneado e por fim contemplado como fizemos naquela noite de capuz verde atrás da cozinha.


E tu, príncipe da vitrolinha retrô... tens como prêmio no fim da batalha este coração esburacado e torto e maltrapilho. Tens por fim quadris que vão contornar todas as curvas dessa estrada de santos e pagões vis e cabelos que vão cobrir nossas palavras nômades... Tens, meu gentil cavalheiro, nova armadura e nova espada, nova mulher em novo brasão com novos sonhos e novo violão.

Je ne voudrais pas paroles en mon ventre.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"God save the Queen"

"Teu corpo late
latente
em mim

Meu corpo mia, felina
uivante
ruiva torturante

Teu sono me consola
Meu coração reclama da tua ausência de consciência
Para eu te falar do meu amor secundarista, meu amor pós-guerra

Queria saber o que faz ela sorrir, chorar ou se confundir
Felina... minha gata não me arranha

Teus tênis não sujam a minha sala
Só teu corpo me alivia."


Por H.

Noir Désir - Le vent nous portera

J'irai trouver la vie en rose.

Meu inferninho...

Depois de sonhar com a Maysa e de acordar tonta com o turbilhão de luzes vasculares que norteiam minha cabeça, acelerei meu metabolismo com bocejos contagiantes e fui atrás daquilo que me sustenta e que eu sempre demoro para achar em manhãs tão complicadas de primavera.

Era o Sol com seu famoso hélio e luz branca e visível na janela, batendo e implorando por um espaço na minha toca de floresta umbrófila.
A sabedoria para compreender que as coisas não são sábias.

A natureza não pensa, ela simplesmente existe. É difícil aceitar que aquilo que comanda nossas vidas não tem razão nenhuma ao comandá-las, mas é assim. Nenhum passarinho veio me explicar por que canta ao invés de dançar para atrair sua parceira, como faz todas as manhãs me acordando irritantemente pela janela. Nenhum elétron veio me dizer qual foi seu grande motivo para ter carga negativa.

A natureza é assim, e pronto. Não se pode explicá-la, somente entendê-la.

Mas é linda mesmo assim, e está em tudo e brilha com sua plenitude não justificada.





Os desenhos que eu vi hoje de manhã, imagino todos os dias. As visões nebulosas que o aneurisma me dá. Quanta confusão por um caroço na cabeça.

Ao contrário disso não vou me perder no mato, não vou me perder em nada que não esteja aqui e que eu não conheça bem. Inércia, lute contra ela. Gravidade me atinge mais, mas gosto dela. Me mantém no lugar que eu deveria estar. Tudo está no seu lugar agora, tudo está finito. Mesmo assim a luz azul da tevê forma fantasmas que desaparecerão com o negro dos olhos fechados.

Minhas costas me dizem alguma coisa, meu nariz não quis ouvir, nem meus ouvidos vão cheirar.

Tudo está no seu lugar.

O oceano cortou alguns de nós, mas o que corta mais é o tempo... De prótons ou lusitana.
Mas cortar também é podar, e as coisas ficam mais lindas quando podadas...

Espero que vocês sejam mais fortes do que o tempo, que todo o canto da boca fale através dos dias, e que nenhum pigmento morra no meio do caminho. Quero ver tudo assim, lindo, fotográfico, ampliado, cheio e magnífico. Quero que a vastidão do mar não afogue os seus sonhos...

All these things...

Conjuntinho máximo.

Pés, cobertor, esfiha e risadas.

Aaaaaaah!!!!

Amanheci alternada em freqüências e modulações constipadas.
Conta-gotas boca a boca palmo a palmo mão e mão
Chega de mansinho um sorrisinho e um imenso ferrão...

Eu amo estar na janela daqui de casa e ver como o céu fica azul contra os meus olhos
E a luz fica vermelha em meus cabelos
Lavar a cara nesse vento novo, sentir o cheiro dos amores que virão

Palmo a palmo de mão em mão
meu coração foi passando

E eu sei que ele parou, mas foi só uma passagem, foi só um tropeço, foi só um belo momento e uma foto bonita
Foi o cheiro de uma barba tranqüila, coisas subliminadas em pequenos passos pela vida

Bom fim, bom tempo

Meu corpo treme agora, sente o frio do flash de olhos negros e mãos bonitas
Das fotografias que um dia ficarão amareladas e mais belas, mais poéticas com suas imagens angulares
Imagens que ele imagina e roda num filme dentro de mim

E meu sorriso ficou em cada esquina, em cada escada e em cada corrimão
Eu amo e vou amar sempre
E é isso que ficou... enfim.