segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Crônica de coisas passadas

Tenta-se aprender e fazer com que se manuseie o tempo. Com pressa pela sua falta, com dor pelo seu excesso. Eu tento engolir o que me resta, que antes me escapava e agora nos sufoca. É tempo demais, é silêncio demais... Um ar com seus gases tão pesados, enquanto dobro as coisas que me cabem nesse pó de sobra de universo.... Nunca quis que Chronos fosse meu inimigo, mas assim ele se tornou. O mal das minhas coisas findas, a crueldade do que é infinito. O que define o que nos resta não são as mitocôndrias teimosas e seus ordinários radicais-livres, e sim nossa incapacidade de criar força no intangível. Eu quase pude sentir, sabe, juro mesmo. Mas foi tão leve e tão sublime e na efemeridade daquilo que deveria ser indestrutível eu perdi a minha alma. O tempo agora eu conto pelos nós nos meus cabelos contra o vento, pelas nuvens que fazem carinhos no asfalto quente e assim vou torcendo para que os segundos e seus milésimos sejam velozes o suficiente até o dia que vou quase tocar a ponta dos meus dedos naquelas três manchinhas pardas que eu tanto venero pelos frisos do meu veneno...


Um comentário:

Ana Paula disse...

Puxa, o tempo pelos nós no cabelos...Adorei! espero que esteja mais para o rosa!